E tudo acaba em pizza...

Luiz é um ex caso, ou sei lá como posso chamar, já que não posso considerar como um ex-ficante, pois não foi apenas um encontro casual; também não posso dizer que é um ex-namorado, pois até hoje não transamos; e não posso dizer que é um simples amigo, pois não é....tem algo mais...

Luiz apareceu em minha vida de um modo como alguns outros entraram e saíram, mas ele ficou...

Era um domingo à tarde e lá estava eu no chat do UOL, um lugar que até entrava, não com tanta assiduidade, mas que também não via problema em entrar de vez em quando, pois como diz o ditado...”sempre tem um anjo perdido no inferno”.

No meio de tantos demônios, eis que surge esse anjo chamado Luiz. Alguma conversa jogada fora via chat e trocamos os msn´s. Foi quando o encanto se fez presente. O cara que estava por trás do micro era legal, inteligente, com um papo bom e ainda por cima, lindo; não tinha como não ficar encantado. E a recíproca foi verdadeira.

Contrariando meu lado racional e cauteloso, marcamos de nos ver pessoalmente no mesmo dia, horas mais tarde, em um lugar público, mas perto da casa dele. E não demorou em eu estar lá, na casa dele, pois ele morava sozinho e, sinceramente, estava afim.

Os dias se seguiram, sempre juntos, deitados em sua cama, em sua casa...trocávamos carinhos, conversas, beijos e abraços... Por uma razão que até hoje desconheço, apesar da minha vontade e da dele, nunca rolou sexo.

Do mesmo modo como os dias foram passando, o encanto também foi diminuindo. O papo ainda era legal, a inteligência era a mesma, o rosto bonito acompanhado do corpo lindo ainda era da mesma pessoa, mas por razões que a razão desconhece, ou melhor, por razões que só o convívio mostra, o encanto foi se acabando.

O inevitável aconteceu, depois de muito pensar, de conversar com amigos, de pesar os prós e contras, resolvi dizer que não estava afim de namorar com ele, pois não dava para me encaixar dentro do mundo dele.

Luiz vivia em um mundo a parte. Empresário da área de comunicação, 31 anos, solteiro, bem sucedido, transitava fácil pela alta sociedade da minha cidade, tinha vários contatos, mas poucos amigos, ou melhor, não tinha amigos nenhum. Sua família não sabia de sua orientação, escolha ou opção sexual, seja qualquer nome que queriam escolher, e ele não pretendia que soubessem. Em resumo, vivia recluso dentro de sua casa, saindo pouco e geralmente sozinho, não freqüentava lugares GLS ou qualquer outro estabelecimento que tivesse a conotação gay. Vivia dentro do armário, literalmente dentro do armário.

Essa foi uma, dentre tantas as razões que levaram ao encanto ir se acabando.

Depois da nossa conversa, ficamos amigos, pois ambos gostamos da companhia um do outro. Claro, no início eu me distanciei um pouco e ele fez o mesmo, mas depois, mantivemos um contato regular.

Nem tanto regular assim. Luiz some e aparece de vez em quando. Me liga convidando para comer uma pizza, ir ao cinema, ver um DVD na casa dele, ou mesmo para participar da gravação de um programa seu.

E assim vai, sempre aparecendo e desaparecendo de minha vida.

Recentemente, mais precisamente esse final de semana, ele voltou. Me ligou e fomos comer uma pizza no domingo. Depois fui até a casa dele, ficamos a ver filmes e é claro, como toda vez, rola uns carinhos, uns abraços, um cafuné no cabelo enquanto ele deita a cabeça sobre minha coxa.

Não sei se isso é certo ou errado, não sei se permito isso consciente ou inconscientemente, só sei que tudo acontece de forma natural. Tão natural quanto eu me levantar, dizer que to indo embora, ele abrir a porta, nos despedirmos e eu ir...e depois de um tempo ele me ligar e tudo acontecer de novo.

Só uma coisa me intriga mais do que tudo... Luiz sempre aparece nas horas em que me sinto só, em que me sinto carente e desejando ter alguém...