Vamos tomar um café?

Exatamente no dia 14 de Outubro passado, minha vida começa a dar uma reviravolta que não sabia exatamente onde iria acabar.

Era um dia frio e chuvoso, daqueles bem carrancudos, bem feio, que de certo modo, indicava o quanto feio ia ser o meu tombo.

Depois de 10 anos trabalhando na mesma empresa, fui chamado na sala do gerente para ser informado, que por “questões administrativas” eu estava sendo demitido.

Eu, que entrei lá como mero professor e cheguei até o posto de coordenador de curso, que sempre dedicava horas e horas a mais para deixar tudo em ordem, estava sendo mandando embora, bem na véspera do Dia dos Professores. Confesso que é quase irônico...

Se me perguntarem o motivo real da minha demissão, confesso que até hoje não sei, mas imagino alguns “n” motivos, desde o ciúme de outros docentes e alunos, até mesmo a incompatibilidade com minha chefa direta, que ocupou o cargo ao qual eu também concorri, mas que por meios “heterodoxos” acabou ficando com ela.

Enfim, aceitei a demissão, saí da sala sem nem dar a mão ao gerente (era só o que me faltava...), desci as escadas e fui caminhando na chuva até meu carro.

Não foi fácil dar a notícia em casa, afinal, todos sabiam a paixão que eu nutria pelo emprego e a dedicação que eu tinha para com ele também. Mas, de um jeito ou de outro, recado dado. Foram pelo menos alguns dias de baque, de depressão e de angústia até eu saber que rumo deveria tomar.

Após alguns dias, antigos colegas de trabalho me ligavam, inconformados em saber do ocorrido, pois ninguém queria comentar nada, tamanha foi a surpresa e consternação dentro da empresa.

Com alguns eu falei, com outros não, e com bem poucos eu mantive contato. E assim fui me distanciando daquele local...

De lá, até hoje, muita coisa aconteceu, muita pedra rolou, muita água passou por debaixo da ponte. Eu tive o apoio da família, dos amigos, e algumas vezes o apoio do mar, que sempre me trouxe energia e clareza de pensamento.

E foi justamente numa dessas viagens ao litoral, que a decisão de dar uma virada radical na vida foi tomada. Já havia pensado muito, ponderado os prós e contras, analisado e revisado todos os meus pensamentos, e também já havia deixado de pensar, porque as vezes isso também funciona.

Mas, decisão tomada. E mais uma vez, tive apoio da família, dos amigos, de pessoas próximas que iriam me ajudar no futuro.

Não foi fácil. Nada comigo é fácil. Mas eu não desisto, nesse ponto eu sou bem teimoso...

O começo, ou recomeço, foi marcado para início de Fevereiro, logo após o retorno de outro bom encontro com o mar, que me deixou preparado para enfrentar todos os desafios.

E por desafios entendem-se tantos os profissionais, os monetários, os civis e de qualquer outro gênero que se encontrará ao começar uma nova vida.

Muito foi feito, muito foi gasto, muito foi mudado, derrubado, construído, arrumado, associado, iluminado, para se chegar ao resultado final.

E é nesse resultado final que agora reside todo o meu projeto de vida presente. O que começou de um sonho, de algo vago, efêmero, passou para algo palpável, para algo planejado até se tornar algo real, bem real.

E é essa realidade, essa nova realidade que agora faz parte, não só do meu mundo, mas do mundo de outras pessoas, amigas ou não, conhecidas ou não, que se inicia, não hoje, em um dia 14, mas amanhã, dia 15, praticamente 10 meses após o que poderia ser a minha maior derrota, mas que com toda certeza se transformou na minha maior energia.

E é nesse dia 15 de Agosto, que eu tenho o imenso prazer de dizer a todos, que eu abro a minha cafeteria, o meu café, o espaço onde posso receber amigos e futuros amigos para apreciar um café excelente, em um ambiente diferenciado e simples, acolhedor, como a casa da minha vó.

E é nesse local, meu futuro local de trabalho, minha empresa, meu negócio, que pretendo ser feliz a cada dia, fazer com que cada dia seja um desafio a ser vencido e comemorado, sempre, porque a vida é assim, um caminhar, cada dia de uma vez e sempre confiante. E vamos em frente...

Vamos tomar um café???